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Tuesday, January 30, 2007


O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa ---
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte ---
Os beijos merecidos da Verdade.


Fernando Pessoa

Saturday, January 06, 2007


Verdade, mentira, certeza, incerteza... Aquele cego ali na estrada também conhece estas palavras. Estou sentado num degrau alto e tenho as mãos apertadas Sobre o mais alto dos joelhos cruzados. Bem: verdade, mentira, certeza, incerteza o que são? O cego pára na estrada, Desliguei as mãos de cima do joelho Verdade, mentira, certeza, incerteza são as mesmas? Qualquer cousa mudou numa parte da realidade — os meus joelhos e as minhas mãos. Qual é a ciência que tem conhecimento para isto? O cego continua o seu caminho e eu não faço mais gestos. Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto.

FERNANDO PESSOA

Tuesday, December 12, 2006


Pensei em rimar, mas depois, porque eu hei de rimar se não tenho a melodia exacta que me faça ler o verso e sonhar. As cores do arco-íris que pinto em cada sorriso, o brilho que posso fazer nascer, não tem a cor do pincel que dedico a cada quadro que quero ofertar. O sorriso que esboço, qual fantasia num dia de Carnaval, é um misto de sonho com esperança, de despir esta fatiota, pegar em mim mesmo e em realidade tornar. Entrei na peça para ter aquilo que o personagem possui mas que não me pode dar, e dei por mim a roubar a alma a ele, a o próprio personagem me tornar. Quantas vezes o que sentimos é abafados por nós mesmos para a outra face dar, quantas vezes choramos com os problemas dos outros para nos nossos não pensar. A vida trata-nos como farrapos ao vento, e nós no vento acabamos por nos transformar. Mudamos nosso destino, com pincéis nas mãos, mas sabemos que o quadro não nos estar a agradar, e lavamos a tela, transformamo-nos noutro elemento, tudo acabamos por mudar. Somos seres insatisfeitos em busca de algo perfeito, que não parece existir, que ouso dizer, que alguém se lembrou de inventar. mas a vontade de encontrar, aquilo que achamos podermos criar, é a força do sorriso que uma criança esboça ao acordar, e fazemos deles, nossos, criamos vida, como uma marioneta pronta a actuar. Porem somos de carne, sentimos e amamos, buscamos aquilo, que a marioneta nem consegue pensar. Lutas diárias que travamos para que um dia mais tarde, sentados no sofá que sempre nos veio a acompanhar, olhemos para a nossa vida e acreditemos que nada nela devemos mudar, achamos ter feito o de tudo para o melhor ela o ser, e fechamos os olhos, e de sorriso na face nos deixamos morrer. CARPEN DIEM

† AlucarD †

Thursday, November 16, 2006


Quisera pudesse eu
A mim olhar ainda inocente
Verde, imaturo na vida
Subtil em pensamento

Ver o jovem
Imaginar seu futuro
Tanta alegria e tanta tristeza
Das quais seria testemunho

Seria um professor
seria um vidente
seria a imagem do amanhecer
seria o anjo da guarda
seria a fria sombra da razão

Mostraria como ser forte
em sussurros e gritos
acolheria e enfrentaria
dava a mão e desferia um soco
para aprender no melhor e no pior

Em comentários sobre pessoas e objetos
verdades e mentiras
sobre amor e ódio
a vida e a morte
o válido e o supérfluo
a essência da luz e o caminho das trevas

O que eu era e o que eu sou
O que eu fui e o que ainda serei
Olhando em meus próprios olhos
pelo caminho que percorri
No espelho da minha vida!

† AlucarD †

Sunday, November 05, 2006


Somos seres de sentimentos escuros,
Fantasmas noturnos que choram,
Pelas tristezas que os devoram,
Nos pensamentos obscuros.

Nossas almas melancólicas,
Vagam pela noite sombria
Em busca da alegria ilusória,
Perdida nas sombras exóticas.
Vida destruída por desilusões...

Por favor não tenha medo
de uma alma que é triste e amaldiçoada.
Trajando quase sempre luto,
Somos o estranho fruto
Do mundo feliz que não existe.

† AlucarD †

Wednesday, October 25, 2006


Minha mente insana
Imagina um mundo feliz.
À noite eu tenho a minha paz,
Minha melancolia acaba.
Vejo um anjo de luto, sentado em minha janela.
Sinto o vento me tocar.
Oh, meu anjo, me leve para o teu mundo!
Ele sorri calmamente,
Estende a sua mão.
Nesse instante fecho os meus olhos,
Adormeço.
Acordo em outro mundo,
Estou diferente...
Sou um anjo!
Por um instante não entendo,
Não tenho mais sentimentos,
Flutuo por cima de túmulos,
A escuridão me fortalece.
Vago com a minha alegria ilusória.
Vejo o meu corpo em cima de um túmulo negro,
Há várias rosas vermelhas em minha volta,
Estou de luto.
Todos choram por mim.
Por que tantas lágrimas?
São lágrimas negras.
Agora entendo o meu mundo...
Ele habita almas depressivas,
Caladas,
Amadoras da solidão,
Da escuridão.
Habita almas como a minha...
Almas mortas.
Esse é meu mundo!

† AlucarD †

Monday, October 16, 2006


Agora estás vazia
Com o olhar perdido no passado
Um sorriso melancólico
E uma apatia no rosto
A tua nostalgia torna-te bela
Uma luz apagada na escuridão

As lágrimas que choras ao deitar
Contam Histórias que me fascinam
De sonhos destruídos e ilusões perdidas
Só um louco como eu entende a beleza
Que um coração partido tem
No seu bater sem vida

Na tua gargalhada simulada
Tentas esquecer o abismo em que caíste
E a mágoa que te acaricia
És linda na tua tristeza
E cada lágrima que vertes
É uma jóia brilhante e inestimável
O teu vazio atrai-me
Como um vórtice para outro mundo
O teu novo mundo cinzento
Onde te perdes por jardins sem vida
E a tua nostalgia se torna beleza
Esquecida num mundo sem sentido

† AlucarD †